O amor que eu quero pra mim

Obs: Essa do meio não sou eu, mas não consegui recortá-la da foto (brincadeira tia kkk,  esses são meus avós por parte de pai e a filha mais velha deles. Escolhi a foto porque ficou muito bonita e descreve bem o texto)

Eu tenho a sorte de presenciar as mais diversas formas de amor dentro de casa, na minha própria família. Amor de mãe e filha, irmão e irmã, tio e sobrinhos, amor de homem e mulher.

Algumas pessoas não acreditam no amor, amor entre homem e mulher. Mas eu, eu acredito! E não é utopia não. Apenas o amor puro e verdadeiro pode ensinar, com exemplo, o que ele é. E eu me sinto muito feliz e agradecida por poder sentir de perto o amor verdadeiro. 

Meus avós por parte de pai, este ano completaram 82 anos de vida e 57 de casados. Uma vida inteira juntos! Claro, não foram 57 anos de puro amor e sorrisos, com o tempo todo de felicidade. Tenho certeza que houveram brigas, discussões, falta de paciência e a rotina do casamento. Mas hoje, eu olhando pra eles com paciência e sentindo a preocupação, que mesmo depois de quase 60 anos um tem com o outro, é muito gratificante.

Quando eles estavam 100% saudáveis, sempre haviam aquelas picuinhas, ele queria ir pro forró e ela ficar em casa, ele queria dormir e ela ir a missa, discussões normais de casais idosos (imagino eu, já que só conheço a rotina dos dois rs)... Hoje, minha avó está com Alzheimer, e ficou dependente de outras pessoas. Tem dias que ela está muito bem, conversa com todo mundo e reconhece bem as pessoas. Tem dias que ela só quer dormir, tem algumas confusões mentais e não se alimenta direito. 

Meu avô está bem saudável e lúcido, anda pra lá e pra cá, toma a cervejinha dele e ajuda no que pode com a vó. Só que pra ele, não é fácil ver a esposa, companheira de tantos anos nessa situação, nessa dependência. E ele sofre junto, talvez até mais, por não poder fazer nada. 

E hoje eu fui ate casa deles ajudar no que precisasse. Minha madrinha saiu pra trabalhar e ficamos eu, minha prima, meu avô e minha avó. Na hora do almoço sentamos a mesa e observamos minha avó almoçar (ela sempre mastigou bem, antes de engolir, mas ultimamente, tem mastigado até a gengiva pra não precisar comer mais rs). Comeu três colheres cheias e disse que estava satisfeita, mas não queria ir pra sala, nem pro quarto. Queria ficar ali sentada na cadeira, com a cabeça sobre a mesa. 

Tentamos insistir pra que ela fosse para o sofá ou para cama (naquela posição, poderia sentir dores na coluna depois), mas é teimosa (como sempre foi), e não quis sair de lá. 

Pacientemente, de 5 em 5 minutos meu avô voltava e perguntava se ela tinha certeza que queria ficar ali. E ela ainda insistente, não quis sair. Ele voltava, passava a mão sobre os cabelos grisalhos dela e perguntava: Não quer ver um Jornal? Ela em sua confusão, dizia que não passava jornal na televisão hoje. E ele lá, tentando convencê-la do contrário. 

Parece bobo, talvez nada do que eu tenha escrito tenha mudado o seu pensamento sobre o amor, ou entendido o que eu escrevi. Mas, olhando pra eles ali, depois de 57 anos juntos, me fez pensar e querer isso pra mim pra quando eu estiver velhinha. Quero alguém que esteja comigo atééééé eu não lembrar mais que dia da semana é, e mesmo assim poder sentir a preocupação do meu companheiro. Essa é a palavra, COMPANHEIRISMO. O amor nada mais é que companheirismo, preocupação. Querer o bem para o outro como para si mesmo. E é isso que vejo quando olho para os dois. 

Não o vejo dizendo de 5 em 5 minutos que a ama, ou vice-versa. Não o vejo dizendo que não sabe viver sem ela, nem que ela foi a melhor escolha da vida dele. São nos atos que se comprova esse amor. Posso estar errada, talvez não li os sinais como eles realmente são. Talvez contorci no meu romantismo excessivo. Mas pra mim, vi ali o verdadeiro e puro amor. O amor que eu quero pra mim.